Bebês morrem após o parto e famílias acusam negligência

Além das duas mortes, um terceiro bebê teve o braço quebrado durante o parto com a mesma médica.
Há 1 dia
 | Fonte: Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Dois bebês morreram após o parto no Hospital Regional de Sorriso (398 km de Cuiabá). A primeira morte aconteceu no dia 12 de janeiro e a segunda no dia 9 deste mês. As famílias acusam o hospital de negligência médica.

No primeiro caso, a mãe registrou um boletim de ocorrência relatando que uma semana antes do parto foi todos os dias ao hospital sentindo muitas dores. Segundo ela, os médicos estavam cientes de que ela precisaria de uma cesárea, mas o procedimento não foi realizado.

Conforme a mãe relatou ao programa Sorriso Acontece, ela teve um descolamento de placenta e ficou três meses de repouso, tomando remédios para segurar o bebê. Ela contou também que teve diabetes gestacional, que sua gestação não poderia passar de 39 semanas e que o parto também não poderia ser induzido, devido a uma gestação anterior turbulenta.

Quando completou as 39 semanas, a mulher buscou atendimento médico, sentindo contrações e muita dor, durante uma semana toda. Sempre que chegava lá, a equipe médica receitava um remédio e mandava ela voltar para casa. A mesma coisa aconteceu na segunda, na quarta, na quinta, na sexta e no sábado daquela semana.

Já no domingo, ela voltou com os mesmos sintomas e, ao fazer um exame de toque, a mãe gritou com muita dor e a médica disse ela que a dor era normal e que ela iria sentir dor pra dar luz ao bebê.

Um exame denominado cardiotocografia, para conferir os batimentos cardíacos do bebê, foi realizado duas vezes. Nos dois ficou constatado que os batimentos estavam irregulares e mesmo assim, mais uma vez, a médica mandou a mãe voltar para casa.

Como ela sentia muita dor, chegou em casa e tomou um Buscopan, conforme orientação da médica. Na noite do mesmo dia, ela tentou interagir com o bebê, que segundo ela, era muito ativo, mas ele não se mexia.

Assustada, ela voltou ao hospital e ele já não tinha mais batimentos cardíacos e então a morte foi constatada.

Segundo caso

No último dia 8, a mesma médica do primeiro caso foi protagonista de outro caso. Uma gestante que relatava perda de líquido, sinal da ruptura da bolsa amniótica, há dias, deu entrada no Hospital Regional de Sorriso também com muita dor.

Antes disso ela também foi vários dias em busca de atendimento médico, mas era recomendada a voltar para casa para esperar a dilatação.

O parto induzido dessa paciente começou no dia 7. Na madrugada do dia 8 ocorreu o rompimento da bolsa e a perda do restante do líquido amniótico e sangramento.

Para aliviar a dor, a médica também deu Buscopan a essa mãe. A tia dela, que estava junto, contou que não aguentava mais ver a sobrinha sentindo dor e questionou a médica: “Até quando vocês vão deixar a minha sobrinha sentindo dor?”. Segundo ela, a médica a olhou com cara de deboche e não respondeu.

O parto foi realizado, mas a bebê nasceu suja de fezes. Ela chegou a mamar e logo após vomitou um líquido marrom. A equipe médica tentou fazer uma reanimação, mas ela morreu no dia 9. Não havia vaga na UTI pediátrica.

Bracinho quebrado

Na mesma semana, outra mãe também registrou um boletim de ocorrência contra essa médica. Nesse caso, ela foi acusada de violência obstétrica, pois uma bebê teve o braço quebrado durante o parto.

A equipe médica não percebeu a fratura, que só foi diagnosticada dias depois por um outro profissional.

Os casos estão sendo apurados pela Polícia Civil.

A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Saúde (SES) para obter um posicionamento sobre o caso, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.