No Dia da Amazônia, especialistas ressaltam a importância de preservar a maior floresta tropical do mundo
Índice de Impacto nas Águas da Amazônia (IIAA) aponta que 20% das microbacias dessa floresta sofrem um impacto alto, muito alto ou extremo. Pesquisadores buscam alternativas para garantir desenvolvimento sustentável.
No Dia da Amazônia, celebrado em 05 de setembro, especialistas falam sobre a importância da preservação da maior floresta tropical do mundo, seja em solo ou em seus ecossistemas aquáticos.
“O que acontece nos rios, lagos, igarapés e igapós importa muito e é mais difícil de ser documentado. As alterações climáticas estão aí, os eventos extremos se avizinham e existem ameaças grandes, tanto à populações humanas que dependem desses rios, quanto a outras regiões do Brasil que dependem da saúde desses ecossistemas aquáticos”, explica o jornalista e coordenador do projeto Aquazônia, Thiago Medaglia.
A Ambiental Media, startup criada por Thiago, recentemente desenvolveu o Índice de Impacto nas Águas da Amazônia (IIAA), com apoio do Instituto Serrapilheira.
O levantamento aponta que a Amazônia já perdeu 12% da sua superfície de água e que 20% das microbacias dessa floresta sofrem um impacto alto, muito alto ou extremo. Segundo o estudo, a microbacia mais impactada fica ao sul de Ariquemes (RO).
“A biodiversidade tem sofrido com os impactos de atividades humanas acumuladas. Então a gente tá falando de hidrelétricas, que se somam a dispersão criminosa do garimpo ilegal nos últimos anos, que se soma a mineração em escala industrial e que se soma a uma série de atividades humanas que têm um impacto profundo nos ecossistemas aquáticos”, comenta Thiago.
Economia sustentável
Como a Floresta Amazônica é responsável pela qualidade do ar e pela regulação do clima em todo o país e fora dela, sem contar seu importante papel na cadeia produtiva de alimentos e de preservação sociocultural, especialistas buscam por alternativas que contribuam com o desenvolvimento econômico de maneira sustentável do bioma: como a bioeconomia.
“Quando falamos de bioeconomia estamos falando da vida. E quando falamos em Amazônia obviamente que traz à tona toda a riqueza de biodiversidade que existe nesse ecossistema único. Então, quando se integra a economia da vida com toda essa biodiversidade estamos falando de uma riqueza imensurável em termos de valores econômicos. Falar em bioeconomia também se apresenta como uma solução para o desenvolvimento socioeconômico das pessoas que aqui moram”, defende Marcelo Ferronato, coordenador do projeto Viveiro Cidadão da Ecoporé.
A bioeconomia se baseia em um modelo econômico baseado na sustentabilidade. As estratégias desse modelo buscam alternativas que garantam o desenvolvimento da sociedade de forma menos nociva ao meio ambiente.
“As culturas indígenas, as populações tradicionais e também as outras populações que residem nesse amplo território que precisam além de se desenvolver e ter qualidade de vida, tem ao mesmo tempo o desafio de conservar esse rico bioma. Então, a bioeconomia tem se apresentado cada vez mais como uma alternativa para o desenvolvimento econômico e a manutenção da floresta em pé, que é o que muitas pessoas estão trabalhando e aplicando todo conhecimento científico para que isso seja possível”.
Dia da Amazônia
A data comemorativa foi instituída pela Lei nº 11.621, de 19 de dezembro de 2007, com o intuito de conscientizar as pessoas sobre a importância da maior floresta tropical do mundo e da sua biodiversidade para o planeta.
O dia 5 de setembro foi escolhido, já que foi nessa data que no ano de 1850, decretou-se a criação da província do Amazonas - atual estado do Amazonas.
A floresta amazônica, entre outras inúmeras contribuições, possibilita através das riquezas naturais e biodiversidade, o fornecimento de água nas cidades, a formulação de remédios por meio das plantas, além de ser responsável por boa parte da qualidade do ar e da regulação do clima e, sobretudo, possui um importante papel na cadeia produtiva.
A data ressalta a importância de gerenciar os recursos naturais de forma sustentável, incluindo a utilização e o monitoramento dos impactos nas nossas bacias hidrográficas. O Rio Madeira, por exemplo, abriga 40% de todas as espécies de peixes da bacia amazônica — são mais de 1,2 mil. Todos os rios de Rondônia, em algum momento, desaguam no Madeira.