Confúcio Moura prega obstrução de votações de projetos que facilitem o desmatamento no país
Nós temos que obstruir, usar o Regimento da Casa em nosso favor, ocupar os espaços de oposição para não deixar tramitar e, se possível, impedir o voto simbólico.
Durante a audiência pública da Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado Federal, desta quarta-feira (09), que debateu medidas preventivas para evitar o aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) destacou que é de extrema importância denunciar os devastadores que levantam a bandeira falsa de um patriotismo que conduz à barbárie.
O senador lembrou da fala do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles que, numa reunião ministerial, sugeriu que o governo “deveria aproveitar o momento de pandemia e deixar passar a boiada”. Para o senador Confúcio Moura, “Aquilo não foi uma palavra à toa. Aquilo não foi algo assim de um oportunismo ocasional de conversa de botequim; aquilo foi uma reunião de governo, onde ele falou ‘vamos aproveitar que o Congresso está com outras preocupações, e vamos passar as leis todas que favoreçam o desmatamento, a garimpagem, a predação, a desordem, vamos aproveitar!’. Foi isso que ele falou, claramente”, afirmou o senador rondoniense.
Confúcio Moura lamentou que existem proprietários rurais no país que ostentam a bandeira do Brasil na entrada de suas fazendas, no entanto, por trás, desmatam biomas inteiros. “Isso é o que está acontecendo”. Confúcio lembrou ao presidente do Colegiado, Jaques Wagner (PT-BA) que é necessário pegar firme, inclusive, em projetos de lei que estão em andamento e fazer obstruções ou não votar. “Nós temos que obstruir, usar o Regimento da Casa em nosso favor, usar os espaços de oposição para não deixar tramitar isso e, se possível, impedir o voto simbólico. isso é fundamental”, enfatizou com veemência.
Para o senador, apesar do consenso mundial em torno da possibilidade de combinar desenvolvimento e preservação “parece haver interesse do governo em se contrapor a esta lógica. Ou, no mínimo, desconhecimento ou má fé em relação a importância dos biomas em riscos”, emendou o parlamentar.
O parlamentar que é também vice-presidente da CMA, falou ainda que é preciso colocar na cabeça que os povos do cerrado, os extrativistas, os povos da Amazônia, os ribeirinhos são pobres e que eles não têm renda alguma além daquilo que extraem da natureza, mas têm a riqueza, têm uma economia ainda guardada, potencializada, que é a bioeconomia. “Nós precisamos de uma Embrapa, uma Embrapa da bioeconomia. Uma Embrapa com outro nome, com dinheiro, com pesquisadores para que se possa extrair da floresta a riqueza e devolver aos seus povos”, cobrou.
Participaram da audiência pública, a diretora de ciências do Instituto de Pesquisas da Amazônia (IPAM), Ane Alencar; o vice-presidente do conselho diretor do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), João Paulo Ribeiro Capobianco; representantes do movimento Ato Pela Terra, Letícia Sabatella, Maria Paula Fidalgo, Dom Sebastião Lima Duarte e a líder indígena, Txai Suruí; a secretária da Amazônia e Serviços Ambientais, representante do Ministério do Meio Ambiente, Marta Lisli Ribeiro; o diretor de proteção ambiental do IBAMA, Samuel Vieira de Souza; e o Coordenador de Inteligência Territorial do Instituto Centro de Vida – ICV), Vinicius Silgueiro.