Aos 35 anos, Amilcar Ribeiro é um dos atletas que despontam no cenário do breaking em Porto Velho. Recentemente, ele foi campeão da Black Fest realizada na capital rondoniense. Hoje, ele vê a modalidade ser valorizada como esporte, mas acompanha o desenrolar da outrora dança até o modo competição desde os anos 1990.
– Comecei pela influência dos bboys Figa e Ronaldo. Eles começaram a ensinar o meu irmão que me chamou. Ele era admirador da cultura e por várias vezes me chamou até o dia que decidi ir. Conheci os dois bboys e passei a treinar. Viajei por muitos locais, São Paulo, Rio de Janeiro, Cuiabá, Rio Branco e consegui títulos por lá. No decorrer da caminhada foi muita experiência, muitas derrotas, muitas vitórias – disse.
A opção pelo agora esporte veio em um bairro da zona sul da capital rondoniense. Em palavras do próprio atleta, a falta de opções culturais esportivas no local podiam desviar a criançada do propósito certo. Mas, a presença do breaking norteou os caminhos de vida.
- Era de um bairro periférico: Areal da Floresta. Lá não tinha muita coisa para fazer até conhecer o pessoal do Revolução Urbana Break. Foi o que me tirou de muita coisa. Havia uma variedade de opções negativas no bairro. Drogas, crimes, a gente via muita coisa pelo fato de ficar na rua. O breaking foi um escape. Algo bom. Tanto que estamos aí até hoje – afirma ele.
Breaking esporte
Amilcar vê um panorama diferente agora. Uma visão profissional para o futuro. Segundo o blog de Marcel Merguizo, a expectativa é de sucesso de adesão nos jogos de Paris 2024. Para Merguizo, com elementos das disputas da ginástica, do skate e do boxe, o novo esporte olímpico é uma aposta que tem tudo para dar certo. A opinião é compartilhada por Amilcar mas ele ressalta a necessidade do fomento para que se chegue ao sucesso.
– É preciso olhar com olhos diferentes pela modalidade olímpica. Precisamos fomentar. Hoje nós temos os atletas. Mas, somos meio que abandonados. As pessoas não dão prioridade. Nós treinamos todos os dias. A nossa parte fazemos. Creio que, como modalidade olímpica, talvez pode mudar a cena. E eu vejo Rondônia como se ele indo longe na questão das Olimpíadas. Mas precisa ter um trabalho, fomentar, ter projetos, ai dá certo – analisa.
Para que isso aconteça, Amilcar prega a independência da modalidade e o olhar atento ao potencial de divulgação de Rondônia através do esporte.
– Devemos buscar independência. Ter fomento escolar para a modalidade. As pessoas precisam incentivar mais e ajudar mais. Olhar mais para o esporte, pro esporte break, ter mais apoio – argumenta.
Evolução técnica
É necessário traçar planos. Ter um objetivo em mente e caminhar em busca. Como atleta, ele quer atingir seu potencial máximo no que o esporte pode lhe render. Mas vislumbra a necessidade da estratégia para que ele e outros atletas evoluam.
– Eu já tenho o breaking dentro de mim faz tempo. Os meus planos é chegar aonde for preciso, se esforçar, focar. Ter o foco e poder chegar e obter os meus objetivos. Os projetos são precisos para poder ter um bom desenvolvimento, para ter um futuro promissor. Eles são essenciais, as batalhas, os campeonatos da modalidade é muito importante – enfatiza.
Recentemente, Porto Velho foi palco do The Art e Black Fest. Amilcar observou de perto o potencial apresentado pelos atletas e as estruturas necessárias para um bom rendimento. Ele lembrou dos detalhes que diferenciam o rendimento da modalidade.
– O piso é muito importante. Deve ser adequado para o próximo evento em Porto Velho. Quanto aos participantes, eu já danço a 22 anos, já vi vários níveis diferentes. Em relação à níveis individuais, aqui o break ele deu uma regredida até porque não tem quem incentive. A gente está uns tempos parados mas eu creio que vai melhorar. Estamos profissionais só que precisa melhorar ainda mais – finaliza.