Forte Príncipe da Beira recebe proteção internacional da UNESCO em RO

Título raro garante prioridade máxima em ações de preservação do patrimônio. Construção é considerado uma das maiores fortificações coloniais da América do Sul.
Há 1 dia
 | Fonte: Foto: 6º Batalhão de Infantaria de Selva
Foto: 6º Batalhão de Infantaria de Selva

O Real Forte Príncipe da Beira, em Costa Marques (RO), ganhou no início deste mês o reconhecimento internacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). O monumento histórico passou a ter Proteção Reforçada, um título raro que garante prioridade máxima em ações de preservação e destaca o Forte como um patrimônio de valor único para a humanidade.

Com a alta classificação, o Forte passa a fazer parte de um conjunto de patrimônios mundiais reconhecidos pelo Direito Internacional Humanitário que merecem mais proteção.

Construído no século XVIII às margens do Rio Guaporé, o Real Forte Príncipe da Beira é considerado uma das maiores fortificações coloniais da América do Sul. Ele foi erguido pelos portugueses como parte da estratégia de defesa das fronteiras da Amazônia Ocidental. O local deveria ser usado para defender as terras já conquistadas por Portugal durante a disputa com a Espanha.

De acordo com o Exército Brasileiro, para conseguir esse reconhecimento da UNESCO, o Brasil teve que mostrar que o Forte tem importância histórica para o mundo, que existem leis garantindo sua preservação e que o espaço não é usado para fins militares.

Atualmente, considerado um sítio arqueológico, o Forte está sob responsabilidade do 6º Batalhão de Infantaria de Selva, que cuida da vigilância e conservação.

Segundo o Exército Brasileiro, o reconhecimento da UNESCO reforça a importância do Forte Príncipe da Beira como parte da história do país. O monumento é visto como um testemunho da formação do território brasileiro e uma referência para entender a engenharia militar, a ocupação da Amazônia e os processos que ajudaram a construir o país.

O Príncipe da Beira
O forte tem uma dimensão de 970 metros e é considerado a maior edificação militar portuguesa construída fora da Europa, durante o período do Brasil Colonial. A construção fica distante aproximadamente 730 km da capital Porto Velho.

No Real Forte Príncipe da Beira foram construídos quatro baluartes de 59 metros de largura. Os baluartes foram chamados de "Nossa Senhora da Conceição, Santo Antônio, Santa Bárbara e Santo André Avelino". Cada um tinha espaços para canhões, que com o passar do tempo foram furtados.

Parte do forte foi construído com pedras retiradas do rio Guaporé. Ele também continha um calabouço que adiante seria usado como celas para prender os chamados "degradados".

Atualmente com mais de 230 anos de história, o monumento arquitetônico é diariamente visitado por turistas. Ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1950 e é de propriedade do Exército Brasileiro.

Lendas
Em 2022, A construção foi associada a uma suposta cidade perdida: Ratanabá, uma civilização secreta no coração da Amazônia. Segundo as postagens, que viralizaram no TikTok, no Twitter e no Instagram, a cidade seria "maior que a Grande São Paulo", e era "a capital do mundo" e "esconde muita riqueza, como esculturas de ouro e tecnologias avançadas de nossos ancestrais".

Porém essas informações são consideradas sem fundamento. De acordo com o arqueólogo Eduardo Goés Neves, professor do Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Laboratório de Arqueologia dos Trópicos do Museu de Arqueologia e Etnologia da mesma instituição, "tudo isso é um delírio".

Forte Príncipe da Beira, em Rondônia, quase na divisa entre Brasil e Bolívia, foi construído no século 18 — Foto: Divulgação/Roberto Castro/Ministério do Turismo